Introdução
Sem mais delongas vamos começar pelo
primeiro jogo da franquia. Antes
de tudo, temos que levar algumas coisas em consideração, Devil May
Cry não é linear com as datas de lançamento de seus jogos e como
estamos falando do primeiro jogo da série, oficialmente ele, na
verdade, é o segundo na ordem dos eventos, portanto até mesmo para
suprir diversas dúvidas
que muitos fãs novos têm
(aqueles que pegaram o jogo pela primeira vez a partir do 3 ou 4)
deixarei devidamente esclarecido.
Poderia
colocar aqui diversas informações do jogo, como ano de lançamento
(2001), distribuidora, história por trás do jogo e etc, mas todo
esse tipo de informação pode ser facilmente encontrado na internet
com uma rápida pesquisada no Google, portanto, vou me abster de
ficar clonando informação de diversas fontes espalhadas pela
internet. Como
aqui é um espaço exclusivo para que possa dar minha opinião sore
determinado assunto, não vejo motivos em
me prender nesse capricho. Pulando toda a baboseira de enredo e coisa
do qual dialoguei na primeira parte deste paragrafo o que realmente
tenho a dizer sobre Devil May Cry!?
Primeiramente o obvio, apesar
de a série ser muito
conhecida por seus jogos toda a história que circundam os
personagens não se mantém apenas neles. A
franquia possui seu próprio universo estendido com base nos
outsources que seriam: Anime, Light Novel, Prequel, Edição
Especial. Como de costume da Capcom — ela faz o mesmo com outro
grande título do seu portfólio
— adicionar eventos e informações para, de certo modo, cobrir
buracos no enredo principal de seus jogos é uma prática
recorrente, porém até o Devil May Cry 4 essas outsources não eram
devidamente respeitadas e vista na grande maioria como apenas Bônus.
Graças
ao último lançamento da franquia todo esse material agora é
oficialmente parte do universo do jogo.
Ambientação
Deixando um pouco de lado do motivo
pelo qual gosto da franquia e partindo agora para uma análise mais
aprofundada como jogador referente ao título aqui em
xeque: o
jogo começa com a introdução narrativa de Sparda — que será
palco para toda a trama da franquia até o último título — em
seguida somos apresentados a um personagem de cabelos platinado,
vestindo roupas referentes
a cultura Dark, num estabelecimento que poderíamos chamar naquele
momento como, “A Casa dos Horrores”. Uma
loira Badass com uma motocicleta Style atravessa a porta do seu
estabelecimento e praticamente ataca o nosso personagem é ai, o
primeiro motivo para muitos serem fãs dessa franquia. O nosso
protagonista se mostra ser um cara extremamente overpower que além
de tudo é um ser da “zueira” então o palco estava pronto para
criar o que futuramente seria o personagem mais poderoso e também
mais extrovertido dos games até os dias atuais.
Confesso que o primeiro Devil May Cry
só vim a jogar muito tempo depois de seu lançamento — o primeiro
jogo da franquia que joguei foi Devil May Cry 3 — e quando fiz
apesar de ser notável o quão ultrapassado o jogo já era não só
em termos gráficos, mas também em gameplay, eu fiquei extremamente
surpreso com o conteúdo apresentado que não deixou de ser um ótimo
jogo. Primeiro de tudo o que me fez gostar de Devil May Cry? Resposta
rápida: A ambientação. Resposta longa: após
aquela introdução
dos personagens o jogo te aloca numa ilha e então é liberado o
controle do personagem, conforme você progredia nos cenários não
tem como não se apaixonar por aquela ambientação, os cenários são
sombrios e cada elemento do mesmo trabalhado de forma para que cada
detalhe tivesse uma história. Se
o jogo não fosse ação, com
certeza, os desenvolvedores
teriam uma obra invejável para o gênero terror
— talvez parte disso seja pelo fato de como a maioria dos fãs
sabem, Devil May Cry seria na verdade uma continuação da série de
jogos Resident Evil que inovou o gênero de terror com seus primeiros
jogos —, cada atributo da ilha Mallet desafia o controle mental dos
jogadores. Cenários
com baixa iluminação, demônios sendo invocados ao passar de
determinada área, palheta de cores mudando conforme esses monstros
aparecem,
não bastando isso texturas horripilantes ajudavam a completar o
cenário do qual remete
as profundezas do inferno.
Claro que mesclar tudo isso numa
subcultura gótica ajudou a abraçar esse jogo como algo
inesquecível, na minha humilde opinião, de todos os jogos da
franquia, o primeiro Devil May Cry é sem sombra de dúvidas aquele
dotado
da melhor ambientação da série. Seus
cenários únicos conseguem mesclar muito bem o terror
e ação
de forma que a Capcom até hoje tenta encontrar este equilíbrio
novamente, porém não consegue reproduzir com tanta fidelidade —
os títulos recentes como Resident Evil 2 e Resident Evil 7 chegaram
bem próximo desse balanço — sem sombras de dúvida, mas Devil May
Cry é um padrão alto nesse quesito.
Trilha Sonora
Este
ponto em específico
é o Santo Graal quando dizemos Devil May Cry, sendo que, nenhum jogo
da franquia — talvez apenas o segundo — foi capaz de errar a mão
nesse aspecto, sendo este, o Som. Todo player que se preste sabe
muito bem que uma trilha sonora fora de contexto ou efeitos sonoros
de baixa qualidade pode muito bem estragar um jogo por completo, pois
bem, Devil May Cry nos seus quase vinte anos de vida nunca sequer
errou nesse ponto. Como
dito anteriormente a ambientação sombria do jogo era realmente
apavorante, mas não seria tão épica se não fosse os
sons que todo o castelo
produzia como também os demônios durante as batalhas.
Aquilo realmente era fenomenal me
lembro muito bem de percorrer por um corredor estreito logo no começo
do jogo onde os demônios começavam a aparecer e então os
Marionette com seus efeitos sonoros estranhos. Não
bastando isso, toda vez que uma determinada batalha começava, uma
trilha sonora de ação vinha junto ao fundo, elevando ainda mais a
sua vontade de massacrar aqueles malditos demônios. Obviamente por
ser o primeiro jogo da franquia e também por não contar com um alto
orçamento para investimentos em trilhas sonoras mais trabalhadas
como foram os demais jogos da série, a música era meramente
instrumental, porém nada mudava o fato de criar um certo hype nos
jogadores cada vez mais que íamos progredindo no jogo e lutando
contra novos inimigos.
Jogabilidade
Talvez o quesito que mais chamou a
atenção dos críticos na época de seu lançamento, tanto que até
hoje, Devil May Cry é tido como o pai do gênero Hack n’ Slash
simplesmente pela forma como a franquia inovou o conceito de
liberdade em golpes de forma que é possível literalmente humilhar
seus inimigos mantendo um estilo tanto visual quanto de habilidade
alto. Para dizer a verdade é essa palavra em questão que torna o
jogo tão especial, estilo,
no jogo é um termo usado para avaliar a habilidade do jogador então
quanto mais variações de combos conseguisse fazer mais alta seria
as notas que ele receberia. Estes pontos de estilos foram
classificados em sete categorias sendo: D (dull); C (cool); B
(bravo); A (absolute/awesome); S (stylish) — conforme a franquia
fora evoluindo os nomes para cada classificação de estilo também
foi alterando —.
Personagens
Este jogo conta com poucos
personagens e praticamente os que aparecem são os mais relevantes —
algo que foi mudando de forma considerável na série — aqui temos
o caçador de demônios fodão Dante, a misteriosa e sensual Trish, o
sombrio guerreiro Nelo Angelo, e claro o vilão principal Mundus.
Devil May Cry nunca foi um jogo tão bem trabalhado em seus
personagens — ao contrário do que acontece nos outsource — e
também é bem comum ouvirmos que Devil May Cry não é um jogo
profundo ou até mesmo rico nesse quesito — uma coisa que foi
mudando principalmente após o terceiro jogo da franquia — de certo
modo essa afirmação pode ser considerada parcialmente verdade. No
primeiro jogo Dante é visto apenas como um cara extremamente
poderoso, porém justo, ele é adepto a piadas e costuma zombar o
tempo todo de seus inimigos, porém por trás de toda essa pinta de
fodão o personagem esconde lembranças traumáticas o plot do
personagem gira em torno de seu trauma quando ainda criança sua mãe
ser brutalmente assassinada por demônios e neste evento acreditar
que seu irmão gêmeo também teria sido morto, o jogo em questão
não se preocupa em criar uma linearidade do personagem, tudo que
sabemos é que ele tem um background e age daquela forma por conta
desse passado traumático, porém não perde muito tempo em criar
momentos de decisões morais para o personagem ou criando cenas em
que ele questionaria sua própria maneira de lidar com as coisas,
então neste ponto é sustentável a ideia de que sim, Devil May Cry
possui personagens rasos, mas ao decorrer dos anos isso vai melhorar.
Trish, se por um lado temos um
protagonista pouco trabalhado pelo antagonista seguimos da mesma
forma e em alguns casos chegando a ser pior. A loira que chamou
atenção de Dante assim que ele botou os olhos nela — uma cópia
pervertida da sua mãe — também não tem uma boa narrativa no
decorrer do jogo apesar de ser parte do plot twist do enredo seu
aprofundamento como personagem perde sentido conforme se chega no
final, ela nada mais é que um demônio criado por Mundus para
persuadir Dante e eventualmente matá-lo, porém no último momento
ela se recusa já que Dante poupa sua vida lhe dando a esperança de
que o amor — ou alma chame como quiser — é o abismo de poder que
separa os humanos dos demônios.
Nelo Angelo, a como esquecer desse
personagem… A ideia dos desenvolvedores para o personagem seria
apenas contar com um vilão a altura do protagonista que
eventualmente seria revelado ser o irmão gêmeo dele e após
diversas batalhas ele morreria no último confronto com seu irmão
mais novo, porém os fãs disseram NÃO! Nelo Angelo ficou tão
popular entre os fãs que posteriormente a Capcom decidiu dedicar uma
trama inteira focado na rivalidade dos gêmeos — sim estou falando
do melhor Devil May Cry lançado até hoje, o 3 — apesar de ter se
tornado popular o personagem assim como todos os outros foi projetado
para não ter uma profundidade complexa — algo que só viria
acontecer no decorrer dos próximos jogos —, portanto Nelo Angelo
era apenas o vilão capaz de fazer frente ao protagonista, em todas
as suas aparições ele sequer dizia uma dúzia de palavras então no
meu ponto de vista o que fez ele ganhar seu respeito e admiração
foi simplesmente a sua conexão não explorada com o protagonista e é
claro seu poder capaz de fazer frente a Dante.
Mundus, podemos dizer que este por
ser o real antagonista do jogo é aquele com a história bem mais
trabalhada, foi ele quem transformou o irmão gêmeo de Dante numa
marionete, o responsável por criar Trish idêntica a mãe de Dante,
até então o principal vilão de Sparda que foi responsável pelo
seu aprisionamento e é claro o mandante do assassinato da mãe de
Dante — o grande amor de Sparda cujo rendeu dois filhos gêmeos —
bom quando chegamos no final do jogo é que fica claro o quanto
Mundus é poderoso, o quanto Sparda era poderoso por derrotar ele
sozinho e o quanto Dante é poderoso por fazer o mesmo, Mundus era
considerado um deus entre os demônios tanto que possuía até mesmo
um universo de bolso do qual usou para lutar contra Dante já que a
magia feita por Sparda o impedia de deixar a ilha, mesmo sendo
derrotado e não tendo tanto desenvolvimento após o plot Mundus
prometeu retornar para matar Dante pouco antes de ser mandando de
volta para o submundo e isso perpétua a cabeça dos fãs até os
dias atuais esperando o dia em que Mundus voltara para sua vingança.
Os motivos que levam Mundus ser tão poderoso e parte de sua história
eu irie comentar quando estiver dissertando sobre Devil May Cry 5.
Inimigos
Os inimigos menores do jogo são
relativamente simples com combinações simples de ataque e gatilhos
sonoros ou visuais que podem ser taxados como padrão de ataque
relativamente obvio, apesar de possuírem certo nível de facilidade
em combate nos níveis mais avançados eram perigosos e um jogador
desatento ou sem tanta habilidade certamente vai ficar muito furioso
com até uma simples Marionette, porém vamos dar devidos créditos
aos Nobody e ao Shadow já que são inimigos irritantes e que já
deve ter feito muitos jogadores passar raiva. Agora para os inimigos
maiores — chefões — os créditos ficam para Nelo Angelo, Grifon
e Mundus sendo eles os que possuem as melhores sequências de luta
não só pela cinemática como também para jogabilidade em si.
Considerações finais
Após esse longo texto de pura
opinião pessoal concluo minha visão analítica do primeiro jogo da
franquia. Apesar
de Devil May Cry não ser uma franquia de tanto sucesso como o
próprio Resident Evil ou franquias
consagradas do mundo dos games
que não são da Capcom, o título em questão se tornou um marco
importante para a indústria como um todo, graças a ele que
franquias como God of War — que seu mais recente título ganhou o
prêmio de Jogo do Ano — nasceu, o gênero Hack n’ Slash sempre é
referenciado a Devil May Cry que trouxe também outras inspirações
como também Bayonetta — um Dante versão feminina e muito sexy —
que logo se tornaram sucesso também.


